O ser humano tem uma tendência natural a permanecer como está. Afinal, sair de uma posição que gera conforto, ainda que relativo, não é fácil. No entanto, quando esse modo de estar e/ou de agir prejudica o sujeito em algum nível, é preciso um olhar mais atento para a situação e uma busca de melhoria. E é nisso que se baseiam as fases da mudança comportamental.O modelo transteórico foi cunhado pelos psicólogos James Prochaska e Carlo DiClemente entre os anos de 1970 e 1980. A partir da junção de várias linhas teóricas da psicologia, como Gestalt, psicanálise e teoria cognitiva comportamental, esses estudiosos tentaram compreender como e por que um indivíduo muda.Continue a leitura deste post e saiba mais sobre essa teoria e como ela pode ocorrer dentro das organizações!
Quais são as fases da mudança comportamental?
Não é raro encontrar alguém que se viu, em algum momento da vida, insatisfeito diante de sua própria conduta e, assim, resolveu mudar de postura. Um bom exemplo disso são as resoluções de início de ano, quando a maioria das pessoas faz planos para se alimentar melhor, praticar exercício físico, passar mais tempo com a família etc.Isso se dá porque o comportamento de um sujeito influencia, positiva ou negativamente, seus resultados. Contudo, quando essa interferência não é benéfica, pode-se perder oportunidades, dinheiro, saúde, felicidade e o que muitos nomeiam de qualidade de vida.Geralmente, é nesse instante que se percebe a necessidade de modificações e abandono de antigos hábitos. Porém, essa alteração de rota não acontece de uma hora para a outra, existindo um caminho a ser traçado. E essa trajetória é única para cada um.O modelo da mudança comportamental mostra como uma pessoa evolui nesse processo, passando por diferentes etapas — desde a ignorância ou negação de que uma atitude lhe é nociva à mudança propriamente dita e sua continuidade. Veja, a seguir, quais são tais fases.
1. Pré-contemplação
Essa é a fase em que o sujeito nega a existência do problema. As pessoas ao seu redor podem até já ter percebido que há algo de errado, mas o indivíduo não consegue (ou não deseja) enxergar dessa maneira. Tal questão não permeia sua consciência, por isso ele não reflete sobre ela.
2. Contemplação
Aqui, a pessoa começa a pensar que pode realmente ter um problema em seu comportamento. Há uma identificação, uma ideia de que suas atitudes podem ser melhoradas.Nesse momento, a busca do autoconhecimento deve ser intensificada, pois pode haver uma ambivalência nos pensamentos do sujeito. Ele negocia consigo mesmo as vantagens e desvantagens do processo: “Eu quero a mudança, mas será que o esforço vale a pena?”
3. Preparação
Essa fase também pode ser chamada de determinação ou decisão. Ela é caracterizada pelo planejamento estratégico, pelo cálculo cuidadoso de um plano de ação para que a mudança seja efetuada. É quando a motivação aparece, pois sem ela não há transformação.
4. Ação
Nessa etapa, a prática de novas ações se inicia. É quando o sujeito diminui ou cessa o comportamento que o prejudicava. Ainda é preciso certo acompanhamento, e isso o faz ter um dispêndio maior de energia e dedicação.Ele precisa se auto-observar e se autoavaliar com frequência para saber se o projeto está surtindo o efeito desejado. Caso contrário, será preciso fazer algumas alterações em seu planejamento.
5. Manutenção
Essa fase se caracteriza pela consolidação do comportamento. O indivíduo reconhece que a nova forma de agir é a ideal para si e já não deseja mais retornar ao antigo comportamento.Todavia, é preciso que haja empenho e atenção, uma vez que alguns acontecimentos da vida podem funcionar como “gatilhos emocionais”, atraindo as chamadas recaídas.
6. Recaída
Recaídas são ocorrências comuns em mudanças comportamentais. Ao vivenciar uma recaída, você pode até experimentar sentimentos de fracasso, decepção e frustração, tristeza, desapontamento.A chave para o sucesso é contornar a chance desses contratempos minarem a autoconfiança. Se você voltar a praticar um comportamento antigo, avalie porque isso aconteceu. Diagnostique o que desencadeou a recaída? O que você pode fazer para evitar esses gatilhos no futuro?Embora as recaídas possam ser difíceis, a melhor solução é recomeçar com o estágio de preparação, ação ou manutenção da mudança de comportamento.Você pode querer reavaliar seus recursos e técnicas. Reafirme sua motivação, plano de ação e compromisso com seus objetivos. Além disso, faça planos de como você lidará com quaisquer tentações futuras. O exercício mental antes que elas venham são importantes para lembrar que dessa vez será diferente.As resoluções falham quando a preparação e as ações adequadas não são tomadas. Ao abordar uma meta com um entendimento de como melhor preparar, agir e manter um novo comportamento, você terá mais chances de ser bem-sucedido.
Em que consiste a mudança comportamental no ambiente corporativo?
O modelo transteórico de mudança comportamental tem como finalidade o desenvolvimento de novos hábitos, comportamentos e formas de pensar. Vários estudos já demonstraram sua eficiência em promover atitudes saudáveis e até mesmo mudanças nos indivíduos dentro das organizações.Quem trabalha em RH provavelmente já ouviu dizer que muitas empresas contratam pela técnica e demitem pelo comportamento. Isso acontece porque o envolvimento de pessoas de diferentes culturas em um trabalho colaborativo, por vezes, pode ser atribulado.Tal fato faz com que os gestores encontrem grandes desafios na busca de soluções integradoras em seu cotidiano. Esse trabalho não é nada fácil, pois exige uma boa gestão de conflitos, investimento na melhoria das relações interpessoais, responsabilização das equipes e conversas cruciais.Para tanto, o líder precisa ser preparado e exercer certa influência em seus liderados. Há um consenso na psicologia de que a motivação é intrínseca a cada pessoa, mas um gestor que se preocupa genuinamente com o desenvolvimento de sua equipe é capaz de estimular e incentivar a transformação.Desse modo, a mudança comportamental no ambiente corporativo se dá a partir do momento em que fica perceptível a necessidade de resoluções de problemas que trazem prejuízos para o desempenho dos colaboradores, o que reflete no engajamento do time e, consequentemente, na sua produtividade e na lucratividade da empresa.
Por que fazer treinamentos sobre comportamento nas empresas?
O objetivo de boa parte dos gerentes de RH é desenvolver líderes e gestores para que eles possam influenciar mudanças comportamentais, melhorando a performance e aumentando a satisfação geral dos colaboradores. Para tanto, se faz necessário fomentar uma cultura de diálogo aberto.É um desafio demonstrar para diretores e CEOs a importância de se investir em ferramentas que tornem a organização mais preparada, com habilidades e estratégias para inovar e executar. Contudo, é preciso pôr o foco em resultados.Somente assim o investimento em treinamentos comportamentais é facilmente justificado. Por meio desses cursos, é possível melhorar a comunicação, aprender técnicas para influenciar, desenvolver habilidades emocionais e de comportamento, entre outros.As vantagens dos treinamentos sobre o comportamento são inúmeras. Elas vão desde o aprimoramento da liderança ao aumento da motivação organizacional e da produção dos colaboradores. Os resultados são positivos para a organização como um todo.O comportamento de um colaborador pode afetar suas relações profissionais. O modo de agir e de pensar de uma pessoa está diretamente ligado à sua personalidade e às suas vivências. Por isso, em muitos casos, ele está tão enraizado que o indivíduo o sente como sendo natural.Contudo, quando o sujeito se vê diante de situações e de pessoas que demonstram que tal comportamento é inadequado, é preciso que haja uma lapidação de antigos conceitos. Isso demanda tempo e paciência. Porém, com a ajuda de seus líderes e tendo em mente as fases da mudança comportamental, é possível obter a melhoria necessária.Se você ficou interessado em saber mais sobre o que é um treinamento comportamental, como funciona e por que fazê-lo, leia o nosso post sobre o assunto e descubra!