Uma boa empresa sabe que a saúde mental do colaborador é uma prioridade. Por isso, os tipos de assédio no ambiente de trabalho são um problema a ser enfrentado e evitado. Com uma cultura organizacional forte, afinal, cria-se um ambiente no qual a equipe e gestores mantêm uma rotina de trabalho de qualidade.
No entanto, mesmo em grandes estruturas organizacionais, é comum colaboradores acabarem cometendo ou sofrendo assédios. Isso ocorre, principalmente, contra subordinados em situação de vulnerabilidade — pessoas inseguras, idosos, jovens que estão na primeira experiência de trabalho, minorias etc.É importante estar atento para saber como se portar quando houver alguma situação do gênero. Para saber quando ocorre e como evitar assédios, continue a leitura!
Como se caracteriza o assédio no ambiente de trabalho?
Existem três tipos de assédio pelos quais o trabalhador pode passar, o moral e o sexual. A seguir, você entende mais sobre cada um deles.
O que é Assédio Moral?
O assédio moral acontece quando, de forma repetitiva e prolongada, o agressor expõe o colaborador a situações humilhantes, com ofensas ou ameaças. Veja como isso ocorre:
- situações vexatórias: o trabalhador recebe broncas, gritos e ofensas diante de alguns colegas ou de todo o setor. Seu trabalho também é criticado de forma exagerada ou sem motivo;
- ameaças: o agressor deixa claro o tempo todo que poderá demitir a vítima caso ela faça ou deixe de fazer algo;
- sobrecarga: além de um volume de trabalho muito maior do que o normal, o superior exige metas inatingíveis;
- atividades incompatíveis: a atribuição de tarefas que nada tenham a ver com o cargo, normalmente em prazos impossíveis de cumprir;
- agressões: além das verbais, o superior também dá empurrões ou outras atitudes violentas;
- discriminação: o agressor humilha a vítima por sua etnia, gênero, cor, religião, orientação sexual ou características físicas, com zombarias e críticas sobre sua vida pessoal;
- omissão de informações: são negados dados que possam ajudar nas tarefas da vítima, induzindo-a ao erro;
- negação de folgas: mesmo sendo de direito do trabalhador, ele é forçado a trabalhar fora do horário ou dia legalizado;
- isolamento: o funcionário não consegue se comunicar com outros colegas de trabalho ou é interrompido constantemente em reuniões;
- boatos: o agressor espalha rumores para ferir a dignidade do colaborador;
- apropriação de ideias: o assediador diz ser o autor de ideias, projetos e propostas da vítima.
Geralmente, o assédio moral entre colegas de trabalho pode ser subdividido em duas categorias, o assédio moral vertical e o horizontal.
Assédio moral vertical
O mais comum de todos os tipos de assédio no ambiente de trabalho é quando um membro da equipe em posição de poder, geralmente um gestor ou colaborador com mais tempo de casa, usa de sua hierarquia para assediar outras pessoas. Isso pode tomar várias formas, desde a atribuição de tarefas excessivas a um mesmo indivíduo até ameaças de demissão.Por estar apoiado na hierarquia da empresa, esse também é um tipo de assédio difícil de combater em um primeiro momento, especialmente para pessoas que não têm tanta experiência profissional. Sendo assim, a responsabilidade por evitá-lo cabe muito mais à própria empresa e aos seus colaboradores.
Assédio moral horizontal
Embora, na expressiva maioria das vezes, o assédio aconteça hierarquicamente (quando um superior assedia seu subordinado, e este, por consequência, agride outro de cargo inferior, formando uma escada) ele também pode ocorrer de outras formas.O assédio horizontal ou entre pares acontece quando um colega de trabalho diminui, humilha e inventa boatos para que outro não cresça na empresa. Já o organizacional aparece quando o assédio faz parte da cultura da empresa — como em estabelecimentos extremamente competitivos, em que empregados são estimulados a competir entre si. Por fim e menos comum, há o ascendente, quando um empregado ou grupo humilha e zomba de um superior.O agressor, na maioria das vezes inseguro e egocêntrico, encontra como vítima uma pessoa também insegura e em situação de vulnerabilidade. A Lei 12250/06, conhecida como Lei contra o Assédio Moral, especifica que as penalidades para o assediador podem variar entre advertência, suspensão e demissão. Ele também pode ser julgado com base no artigo 483 da CLT.
Sexual
Segundo o artigo 216 do Código Penal, esse tipo de assédio se baseia na chantagem ou no constrangimento para obter favores sexuais. O superior, por exemplo, utiliza essa arma para ameaçar de demissão ou fazer com que a vítima suba de cargo na empresa.Caracterizam-se como assédios contatos físicos forçados, palavras, convites, humilhações e intimidação com fundo sexual. A pena para esse agressor varia entre um e dois anos de prisão, podendo aumentar até um terço se a vítima for menor de 18 anos. Uma pesquisa do site Vagas.com mostrou que, inclusive, enquanto o assédio moral é equilibrado entre homens e mulheres, no sexual, elas formam 80% das vítimas.
Intimidação
Por fim, o assédio por intimidação é outro ponto que exige bastante atenção, especialmente por parte dos colegas de trabalho. Como o nome já diz, ele ocorre quando um colaborador usa de ameaças para conseguir algo, geralmente coagindo expor um segredo ou espalhar um rumor a respeito do indivíduo, o que comprometeria sua credibilidade e/ou permanência no negócio.Em geral, as vítimas tendem a ser os colaboradores com menos tempo de casa, aqueles com mais dificuldade para se encaixar socialmente ou os mais inseguros, o que também torna mais difícil que o indivíduo busque ajuda por conta própria.Nesse ponto, a maior aproximação entre os colaboradores é a chave para evitar esse tipo de assédio. Afinal, uma pessoa que se sente parte da equipe é mais difícil de intimidar e um grupo desse tipo tem menos chances de abarcar alguém que tenha essas atitudes por muito tempo.
Quais as consequências do assédio para o trabalhador?
O assédio pode acarretar prejuízos psicológicos para a vítima:
- baixa autoestima: como é constantemente assediado, o trabalhador começa a duvidar de sua capacidade ou a pensar que só conseguirá algum avanço se ceder a favores sexuais, por exemplo;
- desinteresse: o colaborador perde o interesse no trabalho, lazer, família e amigos;
- depressão: o desinteresse evolui para desânimo e promove o aparecimento de doenças mentais, como a depressão;
- pânico: a vítima fica apavorada só em pensar no trabalho, chegando a sentir dores físicas e enjoos. Isso pode continuar caso saia da empresa, a ponto de não conseguir voltar ao mercado;
- transtorno obsessivo compulsivo: a vítima está sempre em estado de alerta, sofre de insônia e começa a desenvolver outros distúrbios como a repetição obsessiva e compulsiva de certas atividades.
O que fazer ao identificar algum tipo de assédio no ambiente de trabalho?
Dependendo do setor de Recursos Humanos, alguns tipos de assédio no ambiente de trabalho podem ser identificados pela própria empresa. Nesses casos, há algumas atitudes que devem ser tomadas.
Falar com a vítima
O primeiro passo é conversar com a pessoa que sofre o assédio e entender qual é a situação. Dessa forma, você poderá entender melhor os detalhes da situação. Isso pode ser um pouco difícil, já que muitos são coagidos a não denunciar ou podem ter medo de perder o emprego.O importante aqui é garantir que o indivíduo tenha acesso a uma rede de apoio e o suporte da empresa. Se você puder demonstrar isso, não só conseguirá resolver a situação mais facilmente como também terá um colaborador muito mais dedicado.
Questionar o assediador
Também é importante ouvir a pessoa acusada, pois isso revela muito mais detalhes sobre a natureza da infração. Além disso, existem os raros casos em que a acusação é infundada, falsa e/ou mal intencionada, o que também pode ser esclarecido dessa forma.
Coletar relatos de terceiros
Por fim, mas não menos importante, escute as opiniões e os relatos de terceiros. Assim você terá mais testemunhos à disposição e pode até revelar outros casos de assédio que estejam ocorrendo no negócio.
Como o trabalhador deve agir?
Veja o que o funcionário pode fazer para reagir ao assédio.
Mantenha a calma
Apesar de estar em uma situação de violência psicológica, o funcionário não pode entrar em desespero. Ele precisa ter a ciência de que é a vítima e, portanto, deve correr atrás de seus direitos e interromper o ciclo de assédio. Mantendo a calma e controlando as emoções, ele evita doenças psicossomáticas e toma coragem para denunciar o agressor.
Trabalhe a autoestima
É importante que o trabalhador saiba que, sendo vítima, não tem culpa pelo assédio sofrido. Mesmo assim, é difícil não se abalar com essa situação. Para evitar consequências negativas de longo prazo, ele deve trabalhar a autoestima com terapia, investimento em sua capacitação e tirando alguns dias de folga.
Procure ajuda do RH
A empresa é a principal interessada em acabar com casos de assédio e manter a saúde do trabalhador. O departamento de recursos humanos é o local ideal para identificar esse problema e criar soluções. Portanto, assim que acontecer algum caso do tipo, o RH deve ser acionado.O ideal é que o profissional de RH deixe isso bem claro a todos os colaboradores, para que eles saibam a quem devem recorrer nessa situação. Muitos funcionários também podem sentir medo de que sua palavra seja menosprezada. Portanto, o setor precisa demonstrar respeito e iniciativa perante as denúncias.
Como identificar e eliminar casos de assédio na empresa?
O gestor de RH deve elaborar ferramentas para proteger o funcionário, como os exemplos a seguir.
Canais de denúncia anônima
Muitos profissionais ficam com vergonha ou com medo de represálias, portanto, um canal de denúncia anônima facilita a descoberta de casos de assédio no trabalho.
Pesquisas de clima
As pesquisas servem para identificar como anda o ambiente de trabalho. Por meio delas, o colaborador pode apontar o que está atrapalhando o bom ambiente da empresa e como isso está ocorrendo.
Cultura organizacional
A cultura organizacional é um conjunto que abrange missão, visão e valores, ou seja, aquilo em que a empresa acredita. O desenvolvimento dessa cultura também abrange o comportamento dentro do negócio, que deve priorizar o respeito e a ética entre todos — funciona como uma ferramenta de prevenção a assédios.É importante que o diálogo seja um dos pilares dessa cultura. Assim, o funcionário enxerga a abertura para uma futura denúncia.
Suporte psicológico para casos concretos
O assédio abala muito a autoestima do funcionário, podendo causar traumas e doenças sérias. Para evitar esse tipo de prejuízo à vítima, é importante que a empresa ofereça tratamento psicológico. Com isso, ela mostra que está verdadeiramente ao lado do funcionário e que suas estratégias de combate a situações vexatórias são efetivas.
Treinamentos e desenvolvimento ético
Treinamentos sobre ética organizacional não só vão estabelecer o comportamento priorizado pela cultura da empresa, como também darão ao colaborador argumentos e coragem para interromper casos de assédio.
Punição e troca de setor
De nada adianta a denúncia se o trabalhador perceber que as coisas vão continuar as mesmas. O agressor deve passar por punições condizentes com seu comportamento (advertência, suspensão ou demissão). Caso continue na empresa, o ideal é que a vítima mude de setor. Senão, pode se sentir cerceada e com medo de fazer uma nova denúncia.O assédio no ambiente de trabalho é uma situação vexatória em que o assediador, aproveitando-se de seu poder, utiliza-o para diminuir o outro colaborador ou conseguir favores sexuais. A gestão de RH deve agir para combater esse tipo de atitude e oferecer um ambiente o mais agradável possível para todas as partes. Assegure-se de que os funcionários podem contar com a empresa sempre que souberem ou passarem por situações com essa.Agora que você sabe um pouco mais sobre os tipos de assédio no ambiente de trabalho, pode lidar melhor com eles. E, se quiser mais dicas, veja também como manter a calma em situações de estresse!